Tuesday, July 25, 2006

*quando as pessoas partem*

"surge em mim um vazio.
um vazio que nem eu mesma sei.
um vazio vazio.
sem nada.
sem ninguém.
surge em mim o vazio de quem partiu.
fica aquela esperança de um próximo telefonema.
um que dissesse;
"mentira! é primeiro de abril!"
mas não.
hoje é vigésimo quinto de julho.
nada de primeiro.
muito menos de abril.
nada de mentira.
é real.
tá dito.
tá acontecido.
tá falido.
tá morto.
o corpo.

chega.
ela se foi."

*estranho*

"que sensação estranha essa.
a de "perda".
na verdade o que sinto não é bem perda.
é estranho.
fica aquele vazio.
mas ao mesmo tempo não é vazio.
é um preenchimento do vazio.
estranho quando as pessoas partem.
estranha a sensação de saber
que nunca mais saberá.
estranho esse sentimento de "saudade".
acho que é a verdade mais próxima do que sinto.
saudade.
não é a saudade de não ver há tempos.
é a saudade de saber, que não verá mais.
estranho.
muito estranho.

vai com Deus.
seja Ele quem for,
como for,
e onde estiver.

paz."

*lembranças*

"ela dançava e falava da outra.
seus olhos brilhavam junto ao sorriso no rosto.
era claro.
estava exposto.
as lembranças estavam presentes.
as vontades, por mim, ausentes.
mas fiquei ali.
a me encantar com tanto amor.
com tanto brilho em saudade maior.
para depois,
com o tempo de dias perdidos,
me ver motivo do seu olhar.
e desde então me sentir vibrar."

*olhar perdido*

"passou por mim como que em sonho.
esteve perto como roupa que veste pele.
mas o longe do olhar sobre-saiu.
foi mais forte que qualquer sentimento.
mais intenso.
mais vivo.
...
olhava o nada.
e quando olhamos o nada.
tudo fica indiferente.
em nosso nada podemos ver o que quisermos.
em meu nada vejo o teu incerto
e me visto do belo do teu olhar perdido."

Monday, July 17, 2006

*nasci Beatriz*

"meu ano começa agora.
a cada virada me sinto mais nova.
nova vida. nova mudança.
será a vigésima sexta esperança.
terei mais uma lembrança.
preciso agora acontecer...
esse ano será assim...puro acontecimento...
"nasceu Beatriz!"
pela 26a vez...
nasci Beatriz!"

*deus*

"meu deus é diferente do teu em nome.
mas em verdade eles são iguais.
o meu é a própria luz.
a mesma terra.
o mesmo todo que o teu criou.
...
teu deus criou o meu?"

*bailarina*

"não sou a sua bailarina.
não tenho a graça daquela menina.
não sei o que é criolina.
mas tenho outra graça que ela não tinha.
tenho uma outra graça de menina.
de balé me lembro do sono que vinha.
se não uso, não preciso conhecer,
mas tive uma amiga com o nome dessa criolina.
tenho o amor que ela não tinha.
a vontade que ela não tinha.
e se quiser visto o saiote de bailarina,
mas ainda assim...
prefiro a minha cinta-liga."

*cá e lá*

"tenho medo de gastar das tuas folhas.
mas maior é o medo de que elas
gastem meus momentos.
que me suguem alma
por nelas deitar meu peito.
tenho medo de que me faltem
palavras em teus espaços.
medo de que fique branca a minha história.
que as folhas não sejam usadas.
ou que ao usá-las tanto,
eu me esqueça da vida fora delas.
ainda não sei onde devo permanecer.
se cá ou lá...lá fora...na vida...
mas por vezes
penso que o meu cá
é muito maior e mais intenso que o meu lá.
e vivo nessa louca paixão por cá...
e me sentindo perdida quando lá.
talvez o meu lá, se mudou pra cá...
não sei ao certo.
sinto que lá é incerto...
e acho que por isso...
vivo cá.
medo talvez...medo de não ser lá,
tudo o que sinto ser aqui, no meu cá."

*hoje estou só*

"hoje estou só.
me deixaste nua em tua cama.
penetrou alma com teu membro.
fez olhos brilharem estrelas em desespero.
mas hoje, estou só.
me comeu em luz forte.
não quis saber de meia luz.
quis meu corpo exposto a ti,
para guardar lembrança de cada curva a mostra.
não me deixou fingir.
mas hoje, estou só.
me deu corpo forte como em sonho.
me encantou com seu desenho.
para depois, por conta do destino
ou do que quer que seja,
me deixar assim...
como hoje...só.
porque hoje, estou só."

*querer*

"queria não me apaixonar tão fácil.
queria conseguir conter vontades.
queria te mostrar verdade e assumi-la a mim.
mas não.
de nada adiantou a precaução.
não me restam falas após o ato.
e é fato que em meus momentos,
agora reina lembrança eterna de nós dois."

Sunday, July 16, 2006

*mãe*

"e nesse mar ela surgiu pra mim.
saiu de lábios doces banhados de sal
em contradição tamanha de surgir vontades nua.
me deliciei em teu olhar,
e em teus braços,
desejei acontecer mulher.
atendeu desejo.
em meu ventre entregou alma de menino encanto.
e hoje, ao teu brilho eterno, agradeço encantos
e idolatro alma de encantar estrelas.
sonho de, um dia em cinzas,
deitar-me em teu brilho eterno.
descansar."

*chega*

"chega de um todo vazio de mim.
basta do quase de além mar.
quero a paz de outrora.
o sonho do eterno.
a vida ante morte de amor sofrido.
desilusão.
desejo e ódio.
quero-te longe de mim.
chega desse sofrer eterno.
paz para mim.
para ti.
para tudo isso que já não há.
chega.
me basta o nada.
solidão."

*ninfas*

"dessas meninas cheias de desejo e gozo,
desejo apenas o gosto amargo e doce
dos teus sexos a me lambusarem face
e aquecerem-me entranhas.
daquela minha menina,
que exala perfume de deus,
desejo tê-la em braços meus
para em sonho miragem,
desvendar verdades
perturbando sentidos de querer maior.
tê-la minha tão intensamente,
quanto às ninfas fogosas que em meu corpo
saciaram vontades enquanto bêbada estava.

me perdia a procurá-la em mim.
nunca a encontrei.
espera."

Tuesday, July 04, 2006

*paixão*

"entreguei-me aos teus encantos
prevendo-te do despertar das tuas paixões.
qual não foi minha surpresa,
quando em meus olhos surgiram encantos
de desesperar-me alma
e ferver-me entranhas.
meu medo de paixão tua,
veio à mim como que por rebeldia
às minhas falas.
e de ti agora me resta apenas esquecer-te.
e à distância unir saudades certa e lembrança eterna
dos meus sentidos misturados aos teus."

*alucinação*

"os textos que escrevo bêbada,
dispertam sonhos que não contenho em mim.
e na minha imagem,
sonho em acontecer verdade.
alucinação."

*metade*

"ela pode ser nada do que imagino.
mas prefiro a farça de acontecer inteira,
ao acaso de um dia sonhar a ser
o que o teu desejo pensa.
metade."

*sou o nada*

"não sou nada do que gostaria de ser.
sou mais do que reconheço,
menos do que imagino
e nada do que mereço.
sou metade de tudo aquilo
e nem se quer conheço o meu inteiro.
sou tudo o que realizo
e nem se quer penso no que desejo acontecer.
sou isso e mais aquilo tudo

o que meus olhos teimam em não ver.
sou o nada,
dentro de um todo que nem eu mesma enxergo ser."