Tuesday, May 30, 2006

*deixa*

"e vem a menina me olhando.

aquele olhar meio de lado.

sorriso safado.

gosto maroto.

vontade de sonho.

me deixo levar por seus encantos.

toca a viola.

afina o baixo.

entra na roda.

me deixa no chão.

faz pintar cabelo.

me tem nas mãos.

deixa menina.

deixa ser minha.

deixa realizar desejos.

desejos.

muitos desejos.

vontade em vão."

Monday, May 22, 2006

*fim*

"não quero mais chorar por amores
destrambelhados que encontrei na vida.
chega de fingir felicidade em olhos
cheios de lágrimas e corações congelados de dor.
não quero mais sofrer de amor.
não vale a pena.
não tem sentido.
já basta de tanta hipocrisia.
de fala mansa pra agradar ouvidos.
prefiro os teus desatentos gritos.
teu sufoco explosivo.
prefiro a morte à tuas falsas verdades.
cansei de brincar de artista para te encantar.
cansei de falar de amor que já não há.
meu coração morreu.
sou escrava de falsas histórias de amor.
sou atriz de filme pornô.
sem nome certo.
sem carinho, sonho, vontade.
deserto...
vivo de falsos prazeres.
esqueço os meus deveres.
e brinco entre as crianças
absorvendo pureza perdida de mim.
cheguei ao fim."

*lamento*

"seus textos saem como lágrimas.
escorrem por entre os dedos sem pausa.
aos prantos.
entre suspiros e desencantos.
despertam conflitos internos.
atingem o outro sem penar.
faz soluço anunciar.
seus textos se misturam aos meus.
invadem um mundo breu.
desesperam o outro.
ignora a outra.
faz-se presente na ausência.
e se entrega.
mostra o que não quero ver.
deixa claro o momento.
ignora sentimento.
faz surgir o meu lamento.
desilusão."

Friday, May 19, 2006

*dona de mim*

"sabe o que é...
eu me amo demais.
sou gostosa demais.
e vivo nessa soma de sentidos por mim.
é. isso mesmo.
diria meu terapeuta:
-é crise de auto-suficiência!
sim. e daí?
pra que preciso de outro se tenho todas as minhas facetas?
minhas diversas versões.
minha buceta.
não preciso desse ou daquele.
muito menos daquela lá.
não. eu sou mais eu e meus dedos ágeis.
sou mais a minha pele tocando a minha.
não preciso de alguém.
nem de você e nem de ninguém.
sou eu comigo e tá dito.
me amo assim.
dona de mim.

vê se me deixa.

tá bom...tá bom...
é isso sim.
o amor dela é por mim. "

Thursday, May 18, 2006

*ponto de vista*

“não. eu não sou sapata.
eu não gosto de mulher.
é tudo ilusão.
tá louco? pirou rapaz?
já disse que não rola.
“eu não gosto disso”.
você me disse
e eu afirmo;
eu não gosto disso!
já falei que não rola.

desisto.

e não insista!

tudo é uma questão de ponto de vista.”

*paraíso*

"pode achar que o teu pinto é maior que o meu.
pode querer disputar no breu.
mas nada adianta.
sou mais eu em tua manta.
sou mais dona das minhas verdades
do que viver tua falsidade.
prefiro minhas rimas baratas à tua vã filosofia de bar.
sou melhor no teu lugar.
e me orgulho por teus gemidos
que ainda soarão altos aos meus ouvidos.

e enquanto sonhas, me divirto no paraíso."

*falsa moral*

"não!
não me interessa o que você pensa!
não interessa se é loucura, moda ou rebeldia.
sou o que sou.
não me importo com a tua falsa moral.
não adianta fingir ser normal
se o normal não existe pra mim.
sou feliz assim.
sou mais eu.
sou menina, sou mulher, sou inteira!
me completo com minhas paixões.
sejam elas reais ou imaginárias.
me contendo com meus desejos e me deixo levar.
o que você lê aqui não é acaso.
é o que quero ser exato.
mas não quer dizer que me permito.
sou assim como insisto.
imaginário."

*mentiras*

"não se prenda às minhas mentiras.
elas servem apenas de passagem entre o real e o imaginário.
e o risco que se corre ao escutá-las
é imenso e provoca náuseas.
minhas mentiras irão corromper teus sentidos.
e mesmo que o seu mais intimo me ignore.
nada adiantará.
elas são mais fortes que o mundo.
encantarão.
seduzirão.
e aos teus ouvidos,
restarão os meus gemidos.

meus pedidos mais intensos.
meus suspiros de desejos.
e ao final
nada restará além de mágoas."

*não consigo*

"letras loucas saem em minha mente.
meu passado torna presente.
meus momentos se repetem.
não adianta.
não quero isso – insisto –
não adianta.
eu sempre volto ao mesmo.
aquele momento.
aquela lembrança.
vou com sorriso no rosto.
deixo exposto.
escondo vontades.
dito falsas verdades.
não deixo claro o que sinto.
fujo do que imagino.
corto meus pensamentos.
não deixo plantar desejos.
procuro em outros o gosto doce da tua boca.
em vão.
eu sei.
nunca será igual.
não te encontrarei em outro espaço.
em outro abraço.
não terei de volta a sensação que tive.
nunca.
sei que nunca conseguiria.
meu coração congelou.
não me permito amar.
não quero me apaixonar.
não consigo esquecer.
não.
cansei de dizer não.
mas é tão difícil aceitar.
é tão difícil calar.
não sei.
sei.
mas não consigo.
texto indeciso."

*talvez*

"talvez seja ela
talvez não adiante fugir.
mas não.
ela não é minha tristeza.
minha agonia.
e nem tão pouco o meu êxtase.

talvez fosse mais fácil assumir saudade.
confessar desejos.
mas não.
ela não é dona dos sentidos.
não é ela a responsável por minhas loucuras.
não é dela o meu sonho.
não é com ela.

talvez seja...não sei...

minha cabeça gira rápido demais.
meu coração bate acelerado demais.
e por mais que você insista...
nada é certo pra mim.
nada é claro.
sou eterna confusão.
melhor manter distância.
não dá criança.
não dá."

Monday, May 15, 2006

*confesso*

“ela confessou me amar.
ela me amou inteira.
eu me deixei levar.
não tenho motivos pra calar.
minhas vontades berram aos ouvidos dela.
e ela finge não me escutar.
“confesso...
acordei achando tudo indiferente.”
mas me deixei.
melhor assim.
permita-me viver-te.”

(*trecho de Confesso – Ana Carolina)

*hoje*

"hoje me perdi nas lembranças.
revivi cada momento por entre meus textos.
hoje encontrei o erro.
hoje me deixei encontrar.
hoje estive fora por séculos.
hoje me fiz presente em pensar.
hoje resolvi publicar.
precisava primeiro superar.
hoje viverei o eterno amanhã.
de hoje mesmo...
nada é como disseram meus textos.

eles são o ontem.
eu sou o hoje.
e amanhã...não sei ao certo."

*recomeço*

"vejo palavras nas entrelinhas.
estou cega de desejo.
vejo.
sinto corroer por dentro o que vejo.
mas estou cega.
desejo.
espero passar a febre.
espero o desejo se desfazer em mim.
paro.
penso.
esqueço.
não quero pensar no que vejo.
pois cega não sei ao certo.
desperto ar, fervo desejo.
durmo.
acordo em outra dimensão.
me perco.
esqueço.
respiro.
volto ao começo."

*perdida sem mim*

“e é por entre olhares que me encontro assim.
perdida, sem mim.
não acho minh’alma.
surto.
viajo pra outro mundo.
e só consigo ouvir teu corpo pedindo o meu.
longe...tão longe...
consigo sentir tua boa tocar a minha agora morta.
e ai de mim ameaçar voltar.
ai de mim voltar de lá.
não. me deixa.
tá tão bom assim.
me deixa perdida de mim.
deixa minha vida parar por alguns segundos.
deixa meu corpo relaxar por uma noite.
deixa.
uma hora eu volto.
deixa amanhecer o sol enquanto me perco na lua.”

*ferve*

"ferve.
quando a gente menos espera ferve.
de amor, de dor.
até de frio quando não mais é calor.
ferve de raiva.
ferve de sonho.
ferve de beijo leve, morno ou fogo.
e nessa onda de calor...
perco-me.
sem rumo.
sem luz.
sem cor.
dor."

*preto*

"preto.
preto de raça, cor, pudor.
preto do mulato calado.
preto da mulata assanhada.
preto do olho do moço.
na moça da praça.

preto.
preto de vida sofrida.
preto de dor.
preto da vida amargurada.
de coração apertado.
preto de liberdade perdida.
preto de sonho.
de ilusão destemida.
preto fugido.
por entre brancos tão pretos de alma."

*olhar*

"não deixe que o fogo ardente do teu olhar sereno,
penetre fundo nesse veneno.
que teu brilho doce se apague amargo
nesses olhos tristes por deixar morrer.
não. não quero morte de amor eterno.
quero vida após anunciada mágoa.
quero paz em coração gelado.
quero fogo na aurora clara.
quero paixão.
quero deixar a tristeza de lado.
e mergulhar no azul do teu olhar.
sem medo.
sem limites.
quero sonhar e poder acreditar."

*amigos*

"todos os meus amigos sumiram.
precisava apenas de um ouvido.
de um colo pra poder descansar.
que triste essas voltas do mundo.
é triste sentir tanta gente ao meu lado
e por fim estar só.
sentada embaixo dessa árvore.
e tendo somente ela a me consolar.
triste.mas ao menos percebo
que não estou realmente só.
estou aqui.
fincada na terra
junto às raízes de quem me acompanha."

*perdida*

"poderia escrever mil versos sobre a sua volta.
falaria da saudade que tive.
das vontades que senti.
dos desejos presos na língua.
mas não. de nada adianta deixar escrito.
não teria retorno seu.
não saberia tê-lo.
meus sentidos se misturam.
minhas vontades se contradizem.
meu mundo não mais existe.
estou perdida de mim.
perdida de ti.
e acreditando não mais existir."

*clichê*

"corrói o peito.
nem textos saem.
nem foto-imagem.
nada.
tá tudo assim.
perdido.
sem chão.
mas passa.
tudo passa.
nada é em vão.
chega de clichê."

*pra Vanessa*

"ela me diz pra mudar a cor dos olhos.
ela grita aos meus ouvidos para ficar.
e eu aceito.
viro e reviro os olhinhos.
deixo claro minhas intenções.
deixo no rosto o sorriso bobo.
e é pra ela o meu sorriso.
é pra ela a minha alegria.
é por ela o meu desespero."

*fenix*

“Tô vendendo as asas que possuo por não ter nada mais.”
(Vanessa da Mata)

"não quero mais voar.
não quero mais ir longe demais.
não valeu a pena, disse ela.
e não valeu mesmo.
se ela disse, então não valeu.
não vale.
nunca vale.
é sempre assim.
tome minhas asas.
voe para longe de mim.
fincarei meus pés na terra.
voltarei ao pó e renascerei das cinzas.
te levo comigo tristeza.
e depois de morta me encontrarei em vida.
noutra vida ao certo.
esqueço que nada é ao certo.
e fico perdida de mim."

*bichos*

"enquanto elas juram querem o amor
ele quer o meu sexo.
elas fingem querer apenas amor.
mas não sou tola.
não sou besta.
meu sexo é o que atrai todos.
meu cheiro deixa o rastro para que todos sejam iguais.
para que todos sejam bichos.
sedentos de fome.
cansados de falso amor.
não existe mais amor.
só sexo.
só dor.
bichos."

*chama*

"não quero publicar meus lixos.
por luxo sem nexo de querer sofrer.
não quero deixar fincar no peito a dor.
nem mesmo fingir verdades de amor.
quero a paz de outrora.
na luz aurora dos olhos teus.
quero deixar claro que meu breu é luminoso.
fui formada em cênicas.
sei fingir verdades trêmulas.
sei sorrir sem deixar chover nos olhos.
sim, pois meus olhos chovem.
e meu corpo engana.
te pede em chama."

*insana*

".ando dormente.em corpo.em alma.em mente.em vontades.ando dormente de mim.perdida nas minhas verdades que só atormentam o corpo.sou louca.tá constatado.tá registrado.tá explícito.não tenho cura.já disseram os médicos.não tenho cura!e nunca terei.pois sou assim e pronto.vivo nessa loucura intima que mistura encontro e procura.resultando em desespero.loucura.louca.completamente louca.pose de sã.não caia na minha laia.verdade insana.perigo!"

*amanhã eu resolvo*

"se viver o hoje não deu certo.
deixarei para amanhã.
afinal, amanhã é o grande dia.
amanhã tudo se resolverá.
e assim, deixando para amanhã o hoje, o ontem, o eterno...
não terei mais que me preocupar.
deixa pra lá.
amanhã eu resolvo."

Sunday, May 14, 2006

*elas*

"são tantas dentro de mim
uma dança
uma canta
uma encanta

uma fala de amor por outra
uma sonha em me ver amando
outra chora por não mais amar

tem aquela louca varrida
tem a santa
a esquisita

tem aquela que não sai do pensamento
tem a outra que passou a ser momento
tem a adulta
tem a criança

eu vi uma esses dias
mas já nem lembro quem é ela
tava louca
estranha
perdida
de repente trepando com aquela
deixei pra lá o pensar nela

mas do nada surgiu a única
uma que se fez completa
uma só que tomou conta
aquela
não lembra?
sim
essa mesma
mas sabe...
me perdi dela
e tive que ficar com todas
pra poder esquecer aquela

não
você não entendeu nada
entre elas
eu sou todas e nenhuma delas"

*sonho*

"as palavras saem em forma de neve
vão caindo sob meu corpo
invadindo cada pedaço do meu caminho
me querendo caída ao chão
desesperada
alucinada
angustiada
ana canta ao meu ouvido
tenho sonhos enterminaveis como os beijos de vanessa
e dança a menina nua em minhas lembranças
e ferve minhas vontades por lembrar
deixa pra lá

...

deixa pra lá
pra amanhã quem sabe eu acordar"

*verdades*

"meus momentos passam sem medo
minha vida se esvai por entre os dedos
e do meu mundo o que me resta é paz
pois amor não quero mais
fujo por entre becos escuros
me esquivo das luzes ao fundo
prefiro calar lábios por penar
prefiro iludir sonhos a tentar
me deixa vida
deixa meu mundo encoberto por essa lama
deixa meu ninho vazio de alma
mas não deixe meu coração calar
não deixe que o frio da cama me invada
esquenta meu corpo em vontades
para que assim...
de nada adiante verdades

viva em berço frio"